"0 jejum [do Ramadhan] é a interrupção voluntária do ritmo vital, a
afirmação da liberdade do homem em relação a seu 'eu' e a seus
desejos, e ao mesmo tempo a lembrança da presença dentro de nós
daquele que tem fome, como de um outro eu para o qual tenho de
contribuir a fim de retirá-lo da miséria e da morte." (Roger Garaudy,
Apelo aos Vivos)
Em geral todas as prescrições do Islam não visam um único ou alguns
poucos aspectos, mas interpenetram os muitos sentidos da existência
humana. A divisão das coisas em compartimentos - isto aqui é
espiritual, isto é religioso, isto é filosófico, isto é social e
assim por diante - é uma forma humana de ver as coisas, efeito de
nossa capacidade limitada de compreender o mundo.
Um ótimo exemplo de como o Islam - não obrigatoriamente os
muçulmanos - enxerga o mundo é o Ramadhan. Cumprir o jejum é muito
mais do que simplesmente seguir determinadas regras religiosas,
algumas podem ser entendidas, outras talvez não porque seus
significados podem ser infinitos.
Um destes aspectos diz respeito à principal luta do ser humano em
geral e do muçulmano em particular, que não é a luta contra
os "infiéis" ou os inimigos, mas a luta contra si mesmo, contra sue
ego, contra suas fragilidades, a Grande Jihad a qual se referia o
profeta (A paz e as bênçãos de Deus estejam com ele). Como observa
Garaudy, o jejum do Ramadhan é sobretudo uma vitória do homem sobre
si mesmo, sobre seus apetites e desejos. Sócrates recomendava a mesma
moderação e controle aos seus discípulos porque sabia que um dos
pilares da verdadeira felicidade estava em não ser presa dos próprios
desejos.
sábado, 2 de julho de 2011
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