Anjos e o Universo

Universo criado, chamado filosoficamente de Grande Templo Universal, do qual o de Salomão foi a imagem, manifetou-se desde o princípio dos tempos, para subsistir durante toda a eternidade. É nele que os seres espirituais, princípios de ação secundária, operam com precisão e em ordem invariável, a lei que receberam desde a origem das coisas temporais, como também é nele que todos os seres corporais, que nele estão contidos, se manifestam se­gundo sua natureza, durante toda a duração que lhes está prescrita.

Sendo de natureza absolutamente estranha a toda operação infinita divina, o Grande Arquiteto do Universo não pôde conceber o Templo em seu pensamento e ordenar a seus agentes a sua feitura, sem que para isso, determinasse seu comando a uma causa oposta à sua unidade eterna. Esta causa ocasional do Universo foi certamente conhecida pelo homem, que deveu conhecê-la e que ainda pode conhecer, por mais obscura que pareça. São os Anjos.

Assim, este Templo e todas as suas partes, foram executados e são conservados pelos seres responsáveis pela ordem no universo, os Anjos, que são encarregados de manifestar a Glória, a Justiça e os decre­tos do Criador sobre todos os seres contrários à sua unidade.

Longe de serem agentes infernais, ele estão à serviço do Grande Arquiteto do Universo, como mensageiros entre os homens e a hierarquia celeste. Esses agentes divinos que, pela sua natureza, jamais devem exercer sua ação senão no próprio centro da Perfeição e da Eterni­dade, foram desde logo submetidos a uma ação temporal, se materializaram, pela revolução que as diversas épo­cas de prevaricação produziram na natureza espiritual, e eles perderam, temporariamente, a posse perfeita da Unidade que era seu apanágio, sem deixar, entretanto, de usufruir dela, pelo seu amor e pela sua vontade.